sobre a artista
Nascida em São Paulo em 1998, Joana Raspini carrega em sua trajetória a pluralidade de paisagens que moldaram seu olhar: a infância em Três Lagoas, no interior do Mato Grosso do Sul, a formação em Niterói e o retorno à capital paulista em 2023, onde hoje consolida sua produção artística.
Criada em um ambiente onde a expressão era linguagem cotidiana — a mãe, Ana Maria, jornalista, e o pai, Ilson Cézar, cinegrafista e editor —, Joana desde cedo transita entre performatividade e narrativa. Dança, música e teatro foram suas primeiras ferramentas, ainda na infãncia e adolescência, mas foi no estudo autodidata de desenho, que encontrou um campo de experimentação contínua. Tornou-se tatuadora em 2018, profissão que até hoje exerce produzindo peças autorais e, posteriormente, iniciou sua experimentação na pintura. Seu processo ganhou rigor sob a orientação do professor e ilustrador Carlito Machado, em cujo ateliê passou a desenvolver sua expressão plástica a partir de 2019, permanecendo com mentoria até os dias de hoje.
Formada em Estudos de Mídia e com passagem por Relações Internacionais, Joana traz para a arte um pensamento agudo sobre cultura e política. Seu engajamento no feminismo interseccional e na causa LGBTQIAPN+ — causas que vive em primeira pessoa — reflete-se em uma obra onde a figura feminina é protagonista, mas nunca estática: suas composições escancaram as fissuras sociais e emocionais da experiência da mulher contemporânea. Aqui, o corpo é território de disputa e afeto, e a visualidade, ainda que fragmentada, integra os opostos que a constituem: o caos e a contemplação; a violência e o delicado; o figurativo que se desfaz em abstração.
Em 2024 conclui sua primeira exposição individual, "Amálgama"— projeto idealizado e curado por ela mesma, em um gesto que ecoa sua busca por autonomia narrativa. Joana avança, atualmente, para novas materialidades, explorando também os campos da instalação e arte digital. Seu trabalho, provocativo e visceral, não apenas questiona estruturas, mas as recria: é no juntar dos cacos que Joana Raspini encontra sua voz.


